Morre aos 98 anos Divaldo Franco, referência do espiritismo no Brasil. Na noite de terça-feira, 13 de maio de 2025, faleceu em Salvador, aos 98 anos, o médium e orador espírita Divaldo Pereira Franco. Ele enfrentava um câncer de bexiga desde novembro do ano anterior e morreu em casa, sob cuidados médicos domiciliares. A causa da morte por causa de falência múltipla dos órgãos.
Contudo, não foi apenas um líder religioso, Divaldo Franco, era referência do espiritismo no Brasil. Ao longo de mais de sete décadas de atuação, ele tornou-se símbolo de caridade, acolhimento e promoção da paz, sendo reverenciado dentro e fora do movimento espírita. Sua morte representa o fim de um ciclo que impactou milhares de vidas no Brasil e no exterior.
De médium perseguido a referência espiritual
Nascido em 5 de maio de 1927, em Feira de Santana, interior da Bahia, Divaldo Franco descobriu sua mediunidade ainda na infância. No entanto, o dom espiritual foi, inicialmente, motivo de sofrimento. Rejeitado pela própria família, chegou a ser repreendido fisicamente pelas visões que relatava. Somente após um longo período de adoecimento, sua mediunidade foi aceita — um ponto de virada que marcaria o início de sua missão.
Essa trajetória de superação pessoal o levou a se dedicar completamente ao espiritismo. Em 1952, fundou a Mansão do Caminho, no bairro de Pau da Lima, em Salvador. O centro, que começou como uma pequena casa de acolhimento, transformou-se em um dos maiores complexos socioeducativos do país. Diariamente, mais de cinco mil pessoas em situação de vulnerabilidade são atendidas no local, com acesso à educação, alimentação, atendimento médico e orientação espiritual.
Mediador entre mundos e embaixador da paz
A obra de Divaldo transcendeu fronteiras. Com mais de 20 mil conferências realizadas em 71 países, ele tornou-se conhecido como o “embaixador da paz”, promovendo diálogos inter-religiosos e disseminando mensagens de compaixão e esperança. Suas palestras alcançaram públicos diversos, incluindo universidades, templos, prisões e instituições humanitárias, pois sempre com a proposta de unir espiritualidade e ação concreta.
Legado de amor e transformação
Ao longo de sua vida, acolheu cerca de 685 crianças e adolescentes, oferecendo não apenas abrigo, mas também oportunidades de estudo e inserção social. Esse acolhimento foi, em grande parte, financiado pela venda de seus livros e gravações de palestras, uma escolha deliberada que manteve sua obra filantrópica financeiramente sustentável e independente.
Em suma, sua contribuição para o diálogo entre crenças também se expressou na criação do movimento ecumênico “Você e a Paz”, iniciado em 1998. O evento, realizado anualmente às vésperas do Natal, reuniu ao longo dos anos milhares de pessoas em Salvador e em mais de 70 cidades ao redor do mundo. Mesmo debilitado, Divaldo participou da edição de 2024 por meio de uma mensagem em vídeo, reforçando a importância da fraternidade em tempos de crise.
Despedida com respeito e serenidade
O velório de Divaldo Franco ocorre nesta quarta-feira (14), das 9h às 20h, no ginásio da Mansão do Caminho, com acesso aberto ao público. A cerimônia de sepultamento será realizada na quinta-feira (15), às 10h, no Cemitério Bosque da Paz, em Salvador. Contudo por sua própria orientação, as homenagens seguirão um rito simples, sem cortejo ou exposição do corpo.
O impacto de sua obra humanitária, espiritual e educacional deixa marcas profundas na sociedade brasileira. Em tempos de polarização e insegurança, a figura de Divaldo Franco permanece como referência de equilíbrio, fé e solidariedade.
Em resumo, o Brasil perde não apenas um médium, mas um pacificador. A história de Divaldo Franco é, acima de tudo, a história de alguém que escolheu servir — e, por meio dessa escolha, transformou o mundo ao seu redor.
Morre aos 98 anos Divaldo Franco, referência do espiritismo no Brasil.